domingo, 6 de abril de 2008

Pipoca e caipirinha

Tenho um prazer inquestionável por cinema nacional, não apenas por patriotismo, mas como preferência em assistir na grande tela os filmes tupiniquins. Gosto da identificação geográfica, das particularidades, da mágica em fazer bonito muitas vezes sem mega recursos.
Carlota Joaquina deu origem ao novo cinema brasileiro, com menos apelação sexual e mais qualidade. Antes desse filme, qualquer tentativa de assistir aos filmes nacionais com a família poderia ser uma idéia desastrosa!
Em seguida lembro-me do filme “O quatrilho” que mesmo com sua narrativa lenta (mas de fotografia simpática) elevou nossa auto-estima na sétima arte nacional, concorrendo ao Oscar de melhor filme estrangeiro, abrindo as portas para novos projetos, mais investimento e mais atenção do grande público.Faço propaganda mesmo dos nossos filmes...
Semana passada indiquei para um amigo o filme “Casa de areia”, de Andrucha Waddington, que para minha surpresa disse que não agüentou assisti-lo inteiro pela forma lenta (mas proposital) da narrativa. Acredito que as pessoas se viciaram em filmes americanos fáceis, rápidos e descartáveis, muitas vezes se acostumando com esses tipos de produções. Nada contra o cinema entretenimento e descompromissado, mas não podemos ficar acostumados apenas com estas fórmulas prontas, criadas apenas para vender boneco, produtos e ilustrar parques temáticos.
Montei aqui uma lista dos 10 filmes brasileiros, que, em minha opinião, valem a pena serem vistos ou revistos.

1. Abril despedaçado, Walter Salles
Um filme lírico filmado com maestria no nordeste brasileiro, as interpretações são intensas e as simbologias de tempo e transição existencial deixam ainda mais refinado o trabalho. Pessoalmente, um dos melhores filmes brasileiros de todos os tempos. Walter Saller é fodão!

2. Central do Brasil, Walter Salles
Tem coisas que de tanto a gente ouvir parece cair no embargo do comum. Desgastes de mídia a parte, o filme é belíssimo, a fotografia é impecável e a direção é fora de série. A câmera é usada com sabedoria neste filme que emociona qualquer coração gelado.


3. Terra estrangeira, Walter Salles
Walter Salles é realmente meu cineasta preferido! Terra Estrangeira é um filme em preto e branco que retrata o exílio, a busca de identidade e a solidão, temas comumente usados pelo premiado diretor. Apresenta personagens desenraizados, não apenas de uma nacionalidade, mas da cidadania e da relação com o outro.

4. Cidade de Deus, Fernando Meirelles
Um filme forte, bonito e com uma montagem perfeita. O drama é contado no ponto de vista de um garoto pobre da comunidade que sonha em ser repórter fotográfico e resiste à tentação de entregar-se ao aparentemente fácil caminho da criminalidade.

5. Deus e O Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha
Poético, sensível e com nuvens carregadas de metáforas, um filme que define bem a personalidade do diretor."Vou contar uma história, na verdade, é imaginação. Abra bem os seus olhos pra enxergar com atenção. É coisa de Deus e Diabo, lá nos confins do sertão.”


6. Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos

Filme antigo, em preto e branco, que mostra o ciclo da seca do sertão de forma dura e agressiva. Uma luta de sobrevivência diária com ótimos personagens e uma narrativa que incomoda. Um grande filme!


7. Casa de Areia, Andrucha Waddington
Fernanda Montenegro e Fernanda Torres dão um show à parte, sem comentários... O diretor de fotografia deixa de lado o visual “cartão postal” e adota imagens brancas e vazias como o cotidiano das mulheres do filme, com seus sentimentos que vão do desespero a plenitude. Existencial.


8. Amarelo manga, Cláudio Assis
Não é o tipo de filme que agrada a todos. Cores e enredo forte com visual à la Almodóvar. Os personagens são guiados pelo desejo, tendo como pano de fundo um universo hostil e a busca da realização. Não o amarelo brilhante do ouro, mas do brilho das riquezas internas, embaçado pelo dia-a-dia.

9. Os filhos de Francisco, Breno Silveira
Dá medo pensar o que um filme baseado na história real de uma dupla sertaneja pode dar! No fim o resultado é bem bacana, e reflete bem a luta diária de milhões de brasileiros. Claro que esse “final feliz” com o bolso cheio de bufunfa não é a realidade da maioria... Apesar de alguns pecados (como a cena final mela cueca) merece nosso perdão e vale a pena ser conferido.

10. O caminho das nuvens, Vicente Amorim
Não sei o que este filme está fazendo nesta lista, ele até que começa bem... mas termina submerso feito o Titanic! Uma boa desculpa para assistir este filme é conferir Cláudia Abreu cantando clássicos de Roberto Carlos... compensa tudo!

Vários filmes ficaram de fora (incluindo, quero dizer, excluindo o ótimo Cidade Baixa, de Sérgio Machado e Bicho de sete cabeças, de Laís Bodanzky), quando sobrar um tempinho vou postar uma lista mais completa.

2 comentários:

Renato Fernandes disse...

Saudações Joel - Passando o aniversário te mando o que ficou combinado.

É com grande prazer que tive a oportunidade de indicar seu blog a receber um selo de qualidade, você pode pegar o selo no meu blog www.ogritonoticias.blogspot.com ou no endereço http://geocities.yahoo.com.br/renatoferna/selo.jpg.

As regras é a seguinte: cabe a você analisar e julgar outros cinco blogs merecedores dessa certificação e repassar o selo.
Obrigado

ilustre disse...

aee galera!!! grandes dicas héin!!! me lembrei agora das sessoes de cinema na casa do Joel!!! ...ja choramos assistindo maravilhas como Central do Brasil ou sofremos assistindo melecas como Massacre da Serra eletrica, O Hotel ou superman 1, 2 e 3!!! rsrsrs...
To mto feliz por vcs... adorei o Blog e o site. (tem a cara da gente mesmo).
pesso lisensa pra dizer "da gente", é q ainda me sinto parte da equipe!!! rss...

bjao!!!