segunda-feira, 31 de março de 2008

Pequena notável
Hoje encontrei um livro da Mafalda perdido por aqui... A sensação foi como se eu achasse uma nota de cem reais esquecida na jaqueta!

Mafalda pra mim não é um personagem, ela é uma revolucionária tão carne e osso quanto eu e você. Suas tiras dos anos 70, criadas pelo argentino Quino, ainda permanecem atuais e urgentes no dia de hoje.
Taí uma personagem nada conformista, que não se contenta em observar o mundo com suas idéias de políticas e humanidade pré-estabelecidas.
Apaixonada pelos Beatles, esta menininha de sete anos, odeia sopa de legumes com a mesma convicção que odeia as guerras e o racismo, tornando-se uma personagem infantil e madura na medida em que todo ser humano deveria ser. Acredita que os bebês são feitos em Paris, que o mundo está enfraquecendo de desgosto e se o globo terrestre tivesse um fígado já teria morrido de hepatite!
Sempre preocupada com a paz mundial, seus quadrinhos são um amontoados de pérolas que vão de encontro aos valores sociais, discernindo sobre televisão, economia, consumo, política e hierarquia familiar.
Os personagens que a rodeiam permitem um desenrolar de situações hilárias, como o olhar de piedade sobre a própria mãe (enxergando-a como medíocre por não ter completado seus estudos e ser dona de casa), seu pai que sofre freqüentes crises de idade, Felipe seu amigo sonhador avesso à escola, Manolito que odeia os Beatles e compõe a ala capitalista das tiras, Susanita fofoqueira e fútil que espera se casar com um homem rico, Miguelito com seu coração humano e Liberdade, que é uma personagem pequenininha, fraquinha e lúdica, mas forte em contemplações e nada acomodada. As tiras do Quino são assim... sensacionais! E se a gente não voltar a ser criança lendo suas tiras, podemos nos espelhar nesta inocência e senso crítico para nos tornar adultos bem mais legais.

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